A situação de Portugal no contexto europeu, devido à dependência da Troika até há muito pouco tempo, as taxas de desemprego e os níveis de endividamento particularmente elevados nos países do sul da Europa, a par dos conflitos armados que têm vindo a emergir nos mais diversos pontos do globo, perspetivam um futuro pouco promissor e de grande incerteza, com particular incidência nos setores económico e financeiro.
Por oposição, encontra-se em fase de implementação um novo pacote financeiro dos Fundos Comunitários, o que conduz à expetativa de atração de fundos e verbas comunitários para o país, particularmente no que concerne à pobreza e exclusão social.
Em Portugal, as crianças continuam a ser parte da população mais atingida pela pobreza e, infelizmente, a tendência do indicador tem-se mantido constante com o decorrer dos anos (em 2014, 31,6% - um aumento de 3,8 p.p. face ao ano anterior). Um país que não tem a capacidade para suprir as necessidades básicas e rudimentares das suas crianças, é um país que com toda a certeza não poderá prever o seu futuro e a capacidade de construir uma economia sólida. Acresce ainda a estes valores, um índice de envelhecimento populacional elevadíssimo, que decorre diretamente da falta de investimento em políticas de apoio e incentivo à família.
A questão do emprego coloca-nos numa situação de alarme social quando associada à elevada taxa de desemprego que, frequentemente, afeta os dois elementos do agregado familiar. É urgente a retoma da economia. A não ser uma realidade a médio prazo, a taxa de desemprego irá aumentar, colocando ainda mais agregados numa situação de vulnerabilidade social. A estes dados, acresce ainda a precaridade do emprego em Portugal, considerando que mesmo os que trabalham não conseguem sair de uma situação de pobreza iminente (18,7% em Portugal e 16,7% na população da UE28). O número de indivíduos trabalhadores em situação de pobreza é surpreendentemente alto e não resulta apenas da crise atual. Em Portugal, a mão-de-obra é mal paga e os indivíduos em situação de emprego precário predominam.
No mesmo sentido, a educação que durante largos anos foi vista e comprovada em bases estatísticas como sendo uma forma de sair da pobreza, já não apresenta uma correlação tão direta. Primeiro, porque devido à crise há cada vez mais estudantes a abandonar o ensino superior e, segundo, porque muitos dos jovens recém-licenciados são recrutados por empresas estrangeiras para ajudarem esses países a crescer.
Sara Oliveira
Consultora
EDIT VALUE® Formação Empresarial