Durante a nossa vida universitária foi-nos palestrada uma afirmação muito semelhante a esta: “Agora é que é! Daqui em diante todos os exames, trabalhos e apresentações contam para a tua média final!”. Nesse sentido, fomos instruídos a comer, beber e respirar em função da média final, sabendo que uma nota baixa reduziria drasticamente as hipóteses de encontrar um trabalho recompensador e aliciante.
Não obstante, aos poucos e poucos, o mercado laboral veio desmistificar essa falácia. Estão cada vez mais longe os tempos em que o recém-licenciado com a média de 18 da Universidade XPTO, tinha as empresas a salivar pelo seu talento como o cão de Pavlov, podendo escolher qual a área que queria ingressar e em que condições. Nos últimos anos, tem-se verificado uma mudança de paradigma: por um lado é verdade que houve uma inversão da balança da oferta e procura, temos cada vez mais talento disponível e menos vagas para o absorver; por outro as organizações tendem a procurar um tipo de conhecimento diferente, focado no “saber-ser” e “saber-estar” onde grandes palavras como SoftSkills e Inteligência Emocional são reis e senhores, sendo um bom exemplo dessa nova tendência o filme The Internship (2013), co-realizado pela Google.
Atenção! Com isto não pretendo advogar que a média é completamente irrelevante e, portanto, a vida académica deve ser experienciada com grande despreocupação e de forma leviana. Pelo contrário, uma média alta é, sem margem para dúvida, o resultado de bastante esforço e empenho, que permite desde logo ao recrutador extrair algumas conclusões sobre o perfil do candidato. De igual modo, para o acesso a determinados cargos públicos, na persecução de uma carreira académica e ingresso em áreas ligada à saúde, justiça e afins, por mais dotado que o candidato seja em Softskills a média final desempenha um papel fulcral.
Porém, é imperativo apetrechar o nosso canivete suíço de mais utensílios, ou seja, apostar no percurso extracurricular. Este passa pela realização de um semestre de intercâmbio ou acolhimento de um estudante estrangeiro, que permita contacto com outras culturas e realidades; a participação em núcleos e associações (mais ou menos lúdicos), visando a gestão de conflitos e o planeamento de projetos; a aprendizagem de novas línguas ou um trabalho em part-time. No fundo qualquer atividade que permita enriquecer nosso leque de conhecimentos e alargar os nossos horizontes.
A todos aqueles que já terminaram os seus estudos e ingressaram no mundo do trabalho, sugiro que reflitam um pouco e auscultem onde estão os colegas de universidade que terminaram com as melhores e piores médias. A que conclusão chegam? Como diria o grande compositor americano Nipsey Hussle “Podes ser tudo o que quiseres… menos mediano”.
Tiago Gouveia
Responsável Desenvolvimento RH
SABSEG Seguros
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