04 julho, 2018

Afinal o que procuram as empresas?



A busca desenfreada por candidatos tão idilicamente perfeitos, reflete-se na listagem infindável de requisitos exigidos que vemos atualmente nas ofertas de emprego. As soft e hard skills exigidas, ultrapassam por vezes, o humanamente possível, influenciados também por um mercado tecnológico exigente e cada vez mais competitivo. As empresas desejam o máximo de cada candidato e, os candidatos de hoje, ambicionam também muito mais das empresas, no entanto, esta perspetiva win-win parece cada vez menos possível.

Estaremos todos de acordo que o verdadeiro fator de diferenciação que torna as empresas mais competitivas são as Pessoas, por isso, os desafios para estes processos de recrutamento e seleção são gigantes. Parece-me por isso importante rever o conteúdo das ofertas de emprego, transformando-o em conteúdo com valor, genuíno e coerente, adequado às necessidades da organização e, em simultâneo enquadrado com a oferta de candidatos existente. Não nos podemos esquecer que este Marketing, associado ao recrutamento, pode ter impactos diretos no negócio da empresa, podendo esta experiência ser positiva ou negativa, dependendo da forma como nos relacionamos com potenciais candidatos e futuros colaboradores.

Os perfis profissionais requeridos obrigam os candidatos, cada vez mais, a exigirem de si próprios e, mesmo tendo alguma experiência de trabalho, uma Licenciatura, um Mestrado, domínio de línguas estrangeiras, ter investido em formação contínua, autoaprendizagem e tendo hobbies, que também contribuíram para desenvolver soft skills relevantes, parece não ser suficiente.

Cabe aos profissionais de RH, definir estratégias de recrutamento justas, conscientes de que, podemos não encontrar o match perfeito, mas que, acima de tudo, encontremos candidatos capazes de se desenvolverem continuamente, de se ajustarem ao perfil funcional exigido e à nossa organização, aumentando assim o sentido de pertença e comprometimento. Cabe-nos minimizar e contrariar alguns constrangimentos que advêm destes processos, ao invés de contribuir para que cada vez mais as pessoas se sintam inseguras e piores consigo próprias, numa busca constante pela perfeição exigida. Ser excelente parece que passou a ser um requisito mínimo e um fator eliminatório. Mas afinal o que procuram as empresas?


Helena Cerqueira
Gestora de Recursos Humanos
Netgócio - Soluções de Internet para Empresas Lda