Actualmente, o endividamento excessivo dos consumidores é uma  preocupação mundial. Com o cenário de crise com o qual nos deparamos,  torna-se cada vez mais importante que as famílias tenham um controlo  apertado das suas despesas para que possam chegar ao fim do mês com tudo  pago.
Nunca nos ensinaram como gerir um orçamento  familiar, mas é nos períodos de crise que nos apercebemos dos erros que  cometemos. A gestão do orçamento familiar atravessa todas as restantes  preocupações do nosso dia-a-dia. Assim sendo, o que podemos fazer para  melhor gerir o nosso orçamental mensal?
Primeiramente,  devemos encarar o orçamento mensal da mesma forma como encaramos a  contabilidade de uma empresa, onde é feito um balanço com os activos e  os passivos. Os activos serão todos os nossos rendimentos e os passivos  serão todas as nossas dívidas.
Depois de definidos os  activos e passivos, devemos analisar a nossa situação líquida, ou seja,  aos activos iremos subtrair os passivos, para podermos analisar o  resultado obtido. Caso esse resultado seja positivo, isso significa que  os activos são suficientes para pagar os nossos passivos e, sendo assim,  estamos no bom caminho. Porém, no caso de ser negativo, será melhor  fazer uma reavaliação do orçamento, pois podemos estar endividados e sem  capacidade para honrarmos os compromissos assumidos.
Experimente  criar uma folha de cálculo no seu computador, onde irá anotar todas as  despesas diárias, para que possa ter a noção plena de onde aplica o seu  orçamento mensal. Certamente também já lhe aconteceu de levantar 20  euros de manhã e chegar à noite e ter apenas umas moedas de sobra! E  depois pergunta-se: “Onde é que eu gastei o dinheiro?”. É por esta razão  que se deve apontar tudo o que se gasta, nem que sejam os 22 cêntimos  que gasta em pão diariamente, pois só assim se consegue identificar os  gastos mais supérfluos (e estes deverão ser reduzidos ou mesmo  eliminados).
Nesse mesmo documento, deverá identificar o  que é pago por multibanco e o que é pago em dinheiro, para que tenha  registado todos os movimentos efectuados na conta bancária. Quando no  final do mês receber o extracto, deve consultar os seus apontamentos e  verificar se todos os movimentos da sua conta bancária coincidem com os  seus.
As despesas desnecessárias em que se aplica mensalmente  parte do orçamento familiar poderão ser a justificação para que não  consigamos poupar. Imagine que essas despesas têm um peso mensal de 20  euros, se as eliminar, passará a poupar no final do ano 240 euros.
Se  tem possibilidade de partilhar carro, ou mesmo de usar transportes  públicos, porque não o começa a fazer? Se calhar será um bom começo. Às  vezes, o mudar de atitude também poderá significar mais uns euros no  final do mês. O problema é que todos nós vivemos de rotinas e alterá-las  nem sempre é um processo fácil e consciente.
Para uma melhor  avaliação da sua situação financeira actual, comece por pensar se neste  momento estará preparado para uma situação imprevista. Note que ouvimos  todos os dias notícias de empresas que fecharam as portas e os seus  funcionários ficaram desempregados. Imagine que isso lhe acontece. Por  quanto tempo conseguiria viver com o mesmo nível de despesas?
Para  podermos aguentar situações mais adversas, é necessário que as pessoas  tenham um fundo de emergência, em que possa aguentar entre 3 a 6 meses o  mesmo nível de despesas. Por isso, se ainda não começou a poupar,  deverá fazê-lo o quanto antes. Mas não espere para o fim do mês para ver  se sobra, pois certamente não irá sobrar, o ideal será definir uma  percentagem ou um montante do seu orçamento e retirá-lo no início do mês  para a sua poupança. Para pouparmos temos de o fazer no início (quando  temos dinheiro disponível) e não no final (quando já nada há para pôr de  lado).
No cenário de crise em que vivemos, o objectivo de  cada família deverá passar por manter o seu orçamento mensal o mais  equilibrado possível.
Andreia  Leite 
Consultora-Formadora EDIT VALUE® 
Técnica Oficial de Contas 
Consultora Nacional de Benchmarking do IAPMEI
 (Artigo publicado no Suplemento de Economia do Diário do Minho em 15/03/2011)