31 maio, 2011

O Capital Humano como factor crítico de sucesso


As últimas décadas têm sido marcadas por constantes mudanças no tecido empresarial e na gestão das organizações. Um dos aspectos que podemos realçar é o aumento da importância da gestão das pessoas, o qual passa a ocupar um lugar central na estratégia das empresas e organizações. Aliás, em diversas organizações de referência, é possível identificar políticas de actuação na gestão de recursos humanos que assumem o estatuto de factores críticos de sucesso e contribuem, em larga escala, para o seu sucesso e diferenciação no mercado.

Neste contexto, temos assistido a um novo paradigma de competitividade, no qual, a importância das pessoas no seio das empresas e organizações têm um papel central na sua estratégia e onde as práticas de recursos humanos se alinham cada vez mais com a estrutura e a dinâmica da organização onde se inserem. São, por isso, parte integrante de qualquer organização e não podem ser negligenciadas, principalmente num contexto de mudança e adaptação constante, onde se torna obrigatória para qualquer entidade que pretende vencer no mercado e não apenas sobreviver. 

Este desafio da competitividade em contexto de mercado implica um esforço acrescido de adaptação ao mercado derivado de diversos factores como a inovação tecnológica, as mudanças nos contextos socioeconómicos e nos comportamentos das pessoas, obrigando as empresas a uma atenção redobrada, num mercado onde o vencedor deixou de ser o mais forte ou o mais poderoso mas sim o mais rápido e aquele que mais facilmente se adapta à mudança. Neste contexto, as pessoas constituem um pilar essencial no seio da organização tendo em conta que a capacidade de adaptação depende decisivamente do desempenho dos seus colaboradores. 

Segundo Ulrich, muitos dos factores de competitividade, presentes no “marketing mix”, ou ainda a tecnologia e a inovação, poderão ser copiados pela concorrência, principalmente numa era em que o “benchmarking” tem sido uma prática recorrente e cada vez mais eficaz. No entanto, a empresa conta com o seu capital humano, esse porém, não imitável. E pode ser um factor de diferenciação decisivo no sucesso da empresa se devidamente integrado na estratégia da mesma.

Consequentemente, também o talento humano passou a ser uma das características mais valorizadas na actual sociedade do conhecimento, sendo um dos recursos mais importantes no mundo empresarial, que se encontra globalizado. Cada empregado, segundo o autor supracitado, tem a responsabilidade de reinventar a carreira e ao mesmo ser uma mais-valia para sua organização. O próprio CEO do Lloyd’s Bank, o português António Horta Osório referiu em entrevista à revista “Exame” que a complacência não é atitude de quem procura a excelência e a realização profissional.

A percepção das empresas face ao valor acrescentado proveniente do seu capital humano é cada vez maior, valorizando assim a gestão das pessoas, e abrindo portas a políticas concretas de formação e desenvolvimento de pessoal. Estas práticas de gestão de recursos humanos permitem o desenvolvimento de novas competências, melhorias no desempenho profissional e, consequentemente, mais realização profissional e maior motivação, acrescentando valor à empresa e mantendo o compromisso com a mesma.

Nota-se que existe um grande esforço no sentido de melhorar o desempenho das organizações recorrendo à melhoria e aperfeiçoamento das práticas de gestão de recursos humanos com aquisição de novas tecnologias, diminuição das posições hierárquicas, adequação da formação às necessidades, introdução de novas formas de selecção e recrutamento, evolução e aperfeiçoamento dos sistemas de avaliação de desempenho, adopção de sistemas de recompensas mais complexos (extrínsecas e intrínsecas), gestão de carreiras, etc.

Apesar destes avanços, que implicam melhores resultados financeiros, o valor está nas pessoas que fazem com que no seu quotidiano de trabalho produzam estes resultados - esta é a real vantagem. Como tal, neste novo paradigma, a gestão de pessoas deverá ser diferente, devendo permitir-lhes um papel mais participativo, maior autonomia nas suas funções e mais cooperação nas decisões dos gestores. Face a este posicionamento do capital humano nas organizações, é fundamental garantir o bem-estar dos seus colaboradores, mantendo os níveis de satisfação e motivação, com clima organizacional favorável, reconhecer o potencial humano, com envolvência de todos os colaboradores, atender à necessidade de profissionalizar o mais possível os seus colaboradores para atingirem os objectivos comuns.


André Costa
Consultor-Formador EDIT VALUE®
Consultor Nacional de Benchmarking do IAPMEI

(Artigo publicado no Suplemento de Economia do Diário do Minho em 31/05/2011)